quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Carta aberta sobre demissões em massa na Fumec

A Universidade Fumec vive um período tenso, envolvendo diretamente dirigentes, professores, funcionários e alunos. Uma demissão em massa de docentes foi anunciada no início desta semana, sem a apresentação dos devidos critérios, como deveria acontecer em um ambiente democrático de uma universidade, com a participação dos órgãos colegiados, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no seu artigo 53, parágrafo único, item 5. Tais atitudes arbitrárias são resultado de um longo processo de instabilidade política da instituição nos dois últimos anos, passando inclusive por denúncias de irregularidades administrativas e malversação de recursos financeiros por parte de ex-diretores das unidades que compõem a Universidade Fumec.

Contrariando o histórico de mais de 40 anos da instituição que, por ser uma fundação, sempre primou pela transparência e diálogo entre todos os membros da comunidade acadêmica, os últimos acontecimentos reforçam que aqueles que assumiram os destinos das unidades desta universidade, ao invés de corrigirem os erros das administrações passadas, vêm tomando atitudes e medidas arbitrárias, agindo como se dela fossem donos. É importante destacar que, por ser uma fundação, a Fumec deve explicações à sociedade, pois goza de privilégios e incentivos fiscais para ter como finalidade única a educação e a cultura. Portanto, o Ministério Público precisa acompanhar de perto todos os desmandos que têm pautado as decisões tomadas pelos gestores, geralmente anunciadas ao final de cada semestre, muitas vezes sem conhecimento da própria Reitoria e Presidência da Fundação, instâncias superiores.

No curso de Comunicação Social, por exemplo, professores historicamente comprometidos com a formação humanista dos alunos, alguns deles atuando nesta instituição desde a fundação do curso, foram comunicados pelo coordenador das suas demissões apenas por telefone. Fatores como excelente avaliação institucional, pontualidade e assiduidade às aulas, participação em projetos de pesquisa e extensão, e até prêmios de reconhecimento nacional e internacional, foram atropelados em todo este processo, demonstrando uma completa falta de critérios para as demissões. Em solidariedade aos professores e compreendendo a importância destes critérios em sua formação profissional, alunos de todos os períodos do curso de Comunicação Social, nas habilitações de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, estão mobilizados desde terça-feira, 27 de novembro, em regime de greve presencial, cobrando transparência em todas as instâncias decisórias. Estudantes do primeiro e segundo períodos encaminharam à gestoria da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) um abaixo-assinado, no qual comunicavam que, se estes professores fossem mesmo demitidos, solicitariam transferência para outra universidade. Em resposta, a gestoria entrou em contato com os pais de cada um desses alunos, por telefone, comunicando tão somente que seus históricos escolares já estavam à disposição para as transferências. Como demonstração clara do caráter político das demissões, professores solidários aos colegas demitidos também entraram na lista, que agora chega a 14 nomes:

Adriana Xavier

Alexandre Campello

Ana Paula Bicalho

Carlos Alexandre Freire

Décio Valadares

Fabrício Marques

Getúlio Neuremberg

Jorge Rocha

José Augusto da Silveira Filho

Maria Clara

Maria de Fátima Augusto

Paulo Nehmy

Rogério Tobias

Zahira Souki


Em função de todos os fatos relatados, professores e alunos da Universidade Fumec convidam instituições, entidades e autoridades públicas mineiras para discutir encaminhamentos no sentido pressionar a instituição a reverter as demissões anunciadas e injustificadas. O Sindicato dos Professores (Sinpro-MG) já oficializou a necessidade urgente de uma reunião com os gestores, a Reitoria da Universidade e a Presidência da fundação mantenedora da Fumec para esclarecimento da situação, como já pedia o protocolo assinado por professores, entre demitidos e apoiadores, que sequer mereceu uma resposta por parte das autoridades desta instituição. Com o apoio do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, estão sendo acionadas também a Delegacia Regional do Trabalho e a Procuradoria das Fundações do Ministério Público, esta última tendo em vista que a gravidade dos atos e fatos é suficiente para se pedir a intervenção na Fumec.


Deixe sua indignação, seu comentário.

18 comentários:

Unknown disse...

Não é a primeira vez que a FCH mostra seu lado negro. Como dizia o grande professor José Orlando (que também foi estranhamente demitido), "Cuidado. Pensar os incomoda".

Naquele ano, a direção havia decidido separar as turmas de Jornalismo e Publicidade dos mesmos períodos, em andares diferentes, para não criar "vínculo". Assim, o primeiro período da publicidade ficaria no primeiro andar, e o primeiro período de jornalismo no terceiro, e assim por diante...

Pensar incomoda. Mas só assim poderemos ter alunos capazes, questionadores e com valores morais e éticos.

Unknown disse...

Isso é o fim!

Não acredito que estão fazendo isso com alguns dos melhores professores que tive durante o curso.

Estou em SP e infelizmente não poderei ir a BH por esses dias. Mas, me coloco à disposição para o que precisarem.

Minha solidariedade em especial a Getúlio, Jorge Rocha, Alexandre C., José Augusto, Fabricío e Adriana - que compartilharam de sua amizade e conhecimento durante alguns anos.

Um abraço! Ana Jardim

Roboman disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fefe disse...

Sou da época do Zé Orlando tmb, fui aluna dele, um professor cabeça, inteligente. Lembro me perfeitamente dessa divisão que o Paulo disse das turmas. Uma atitude arbitrária e ditadora.
Tentaram tirar o grande mestre Rogério Bastos várias vezes por sua ideologia contrária à direção e coordenação do curso. É triste ver que as coisas chegaram a esse ponto.
O que acontece é que quando deixamos de ser cordeirinhos, questionamos posturas morais e incomodamos.
No Brasil, falta isso. Gritar, colocar pra fora a indignação. Talvez as coisas estariam melhores nesse país.

Carol disse...

Só lamento ver que uma instituição de ensino desse porte consiga passar por cima de valores morais e éticos com tanta frieza e descomprometimento.

Aos professores que foram afastados e desligados, lamento o desconforto e a injustiça ocorrida. Por outro lado, fico feliz pois me considero uma aluna de sorte. Tive o privilégio de conviver e aprender com os grandes e verdadeiros mestres da comunicação da FCH - Fumec.

Aos alunos que agora acabam de entrar para essa "grande universiadae": meus pêsames!!!

Bruna Castanheira disse...

Minha insatisfação maior é pelo Zé, que para mim foi um dos melhores professores de publicidade. Não concordo com a forma que esses profissionais foram exonerados, acho injusta!
Graças, que formei e nao vou mais assistir à estas injustiças.

Unknown disse...

Lamentável.
Nessa politicagem toda os alunos são os grandes prejudicados, sem dúvida.
Para mim, isso é um tiro no pé e tiro no pé é burrice!

Boldinho_D2 disse...

Totalmente absurdo, arbitrário e covarde. Sem argumentos, a diretoria da FCH apenas demonstrou todo o autoritarismo que acontece na Fundação Mineira de "Educação" e "Cultura",deixando de lado o lema (Universidade de Idéias)proposto em seus comerciais veículados na TV.
Rasgaram e jogaram no chão o projeto pedagógico da faculdade, sem se quer ouvir os alunos.

Unknown disse...

Até o ponto onde conheço alguns objetivos da sociedade, acreditava que o papel de uma fundação de ensino "superior" era de formar, digamos, "pensadores". Mas tal prática é total e completamente abominada pela corja ditadora da fundação. Como pretendemos formar pessoas com um dissernimente ético e moral se, no entanto, somos obrigados a nos calar quando nos defrontamos com tal situação? O absurdo é intangível a ponto de serem instaurados regimes ditatoriais baseados no medo e alienação do corpo dicente pelo corpo dirigente. Perfeito...

Só para constar, coloco aqui as informações quanto as sanções a serem instauradas em cada caso:

Conforme regimento do Centro Universitário FUMEC


"Os membros do corpo discente estão sujeitos às seguintes penas disciplinares, ao critério do Reitor ou Diretor Geral da Faculdade:

* advertência verbal ou escrita;
* suspensão;
* desligamento.

A pena de advertência, verbal ou escrita é aplicável:

* por desrespeito a qualquer membro do corpo dirigente ou a qualquer membro dos corpos docente, discente ou técnico-administrativo;
* por perturbação da ordem no recinto do Centro Universitário FUMEC;
* por prejuízo moral e/ou material causado ao Centro Universitário FUMEC.

A pena de suspensão, de até 20% dos dias letivos, é aplicável nos casos de reincidência em falta prevista no parágrafo anterior.

A pena de desligamento é aplicável:

* ao aluno reincidente que tenha sido suspenso, conforme o 1º parágrafo;
* pela prática de atos incompatíveis com a dignidade da vida escolar;
* na falta de suas obrigações contratuais com a instituição.

Ao aluno que esteja respondendo a inquérito como indiciado será negada transferência para outro estabelecimento de ensino, até a decisão final".

Ou seja, em caso de inquérito, também instaurado arbitrariamente (uma vez que não podemos definir ao certo o que seria "prática de atos incompatíveis com a dignidade da vida escolar"), somos forçados a manter vinculos com a Fumec, pois, caso contrário, seria classificada uma recisão contratual com a mesma, levando a outra infração.


Absurdo, mas verdade...

Unknown disse...

Hehehehe...

só pra irnizar ainda mais, encontrei na site da fumec, seus objetivos e missão...

Missão

A Universidade FUMEC, em atendimento às suas funções de ensino, pesquisa e extensão e com fundamento nos princípios e fins da educação nacional, tem por missão:

formar cidadãos conscientes de sua responsabilidade social, portadores dos valores de justiça e ética, nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção nos diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira.

Objetivos

1. Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;
2. formar profissionais nas suas áreas de atuação, aptos para a inserção no mercado de trabalho e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
3. incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e à criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;
4. promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber por meio do ensino, de publicações e de outras formas de comunicação;
5. suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar sua correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento das diversas gerações;
6. estimular o conhecimento dos problemas mundiais, a par dos nacionais e regionais;
7. prestar serviços à população e estabelecer com essa uma relação de reciprocidade;
8. promover a extensão, aberta à participação da comunidade, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na Instituição.

Willian Chaves disse...

Pois é pessoal, a que ponto chegamos. Professores como Getúlio Neuremberg, José Augusto, Adriana Xavier e tantos outros passando por esse desrespeito. Sem contar os alunos, como que ficam? E as mensalidades? Se não paga, o juro e a cobrança são absurdas.

Fica um pouco difícil acreditar que tudo isso está acontecendo com aquele lugar que um dia foi minha segunda casa.

Mas, temos que unir forças e correr atrás dos prejuízos e direitos de todos. Professores estamos solidários a todos vocês, grandes mestres que me tornaram o profissional ético e responsável com Jornalismo nacional que sou.

VAMOS À LUTA!

WILLIAN CHAVES - EX-ALUNO

Disa disse...

Sim, todos nós percebemos o quanto são absurdas e autoritárias as atitudes dos novos dirigentes da Fumec. Mas quero chamar atenção para a questão da LUTA, fundamental em momentod como esse.

Nesse embate, onde temos os que estão a favor e os que se posicionam contra a qualidade de ensino, ainda não apareceu o verdadeiro responsável pelas demissões. Quero deixar claro que o pouco que sabemos sobre eles e os encontros que ocorreram com a Reitoria somente foram possíveis devido às manifestações.

Por esse motivo convoco todos a mais uma semana de manifestações e protestos. O blog pode ajudar muito mas ele não vai substituir a atuação física dos estudantes e professores.

Estarei por lá todos os dias e deixo aqui o meu contato para possíveis dúvidas.
Um grande abraço!!!
Ana Luisa (Disa)
8899-0913

Unknown disse...

Nunca fiquei tão emocionada como na sexta-feira. Toda a emoção que tomou conta daquele hall da tesouraria da Faculdade de Ciências Desumanas,demonstrou o caminho certo que estamos percorrendo. Endurecendo cada dia mais sem perder a ternura.

Solidariedade, força e luta!
Segunda-feira, que os ditadores nos aguardem. E não foi por falta de aviso: "Acabou o amoooor, isso aqui vai virar o infernooo!"

Luiza de Sá
9132-5828

Unknown disse...

Apóio a greve, apóio fazer mto barulho na cabeça desses "caras lá de cima" da fumec que se acham no direito de subestimar a capacidade intelectual de seus próprios alunos, tratando a gente como cliente , vendendo educação como se vende geladeira.
Sou do 4oG de jornalismo e não tive a oportunidade de ser aluna de alguns dos professores the best,mas desde já agradeço o legado que eles deixaram.
Gostaria de pedir aos meus colegas do curso de comunicação favoráveis à greve que não deixem a "universidade de idéias fracas", que fiquem, que lutem, que gritem, que exijam nossos direitos! Mais do que nunca aquele lugar precisa de gente que PENSE E INCOMODE MESMO!!
Galera, juntos somos mais, mto mais.
Abraços,
Bárbara Rodrigues.

Ludmilla Rangel disse...

Acho uma falta de respeito o que está sendo feito por essa "instituição"! Foi chocante ver professores comprometidos com o ensino e que se esforçaram para elaborar um projeto pedagógico decente, serem tratados dessa forma. Fiquei bastante emocionada na sexta ao presenciar a entrada de um por um naquela sala guardada por seguranças na porta.

Eu ainda me alegro porque tive o previlégio de receber a valiosa participação de alguns desses maravilhosos profissionais na minha vida estudantil, mas tenho pena daqueles que ainda estão no começo... O que está por vir??? Sinceramente, não sei o que esperar dessa diretoria, que mais uma vez se mostrou sem limites...

Como disse o prof. Carlos Alexandre, "a luta está apenas começando"....

Nosferatuo disse...

Porque vocês não param os dirigentes da escola no corredor e perguntam qual a formação deles que lhes dá o direito de se julgar melhor do que os que estão saindo? A começar pelo presidente da fundação.

Unknown disse...

CARTA AOS DOCENTES DA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE FUMEC.



Gostaria que você compreendesse completamente, e emocionalmente, de que eu sou um detento político e serei um prisioneiro político, de que eu nada tenho hoje ou no futuro do que me envergonhar desta situação. De que, no fundo, eu mesmo em um certo sentido clamei por esta detenção e esta sentença, porque eu sempre recusei-me a mudar minha opinião, pela qual estarei disposto a dar minha vida e não apenas permanecer na prisão. Que, portanto, só me cabe estar tranqüilo e satisfeito comigo mesmo.
Antonio Gramsci, carta da prisão à sua mãe.




Você pode sofrer, mas não pode deixar de prestar atenção.
(Torquato Netto)



Em que circunstâncias é legítima a demissão de um professor?


Sir Bertrand Russell declarou que “A vida virtuosa é aquela inspirada pelo amor e guiada pelo conhecimento.” O conhecimento sem amor exclui os destituídos, privilegia a elite ou, em situações ainda mais terríveis pode levar, por exemplo, à guerra. E o amor sem conhecimento gera desastres como lembrou ao comentar sobre a propagação da peste negra acelerada pela reunião dos crentes nas igrejas para invocar a proteção divina, propiciando o contágio e a propagação. Entendia ainda que ambos, amor e conhecimento, são ilimitados.
Virtuoso pode ser entendido como depositário de virtude. O Dicionário Aurélio define como sendo “disposição firme e constante para a prática do bem”, ou, pela mesma fonte, como “toda pessoa que domina em alto grau a técnica de uma arte”.
Herdeiro do pragmatismo britânico, Russell combinou-o com uma distinta práxis iluminista, elegendo a ciência (ou a razão) como único instrumento disponível ao homem para atingir uma vida virtuosa. Essa é a referência que ora emprego para ponderar sobre minha demissão do quadro docente do Curso de Comunicação Social da Universidade Fumec.


Hoje poucas são as escolas brasileiras nas quais a prática do amor, como preceituada por Russell, é possível e exercida. A Universidade Fumec certamente ainda não está entre elas, pois, (embora até o momento nenhum dos administradores acadêmicos tenha implementado pesquisa para delinear o perfil dos ingressos, para permitir uma abordagem mais segura à questão e informações utilizáveis pela gestão pedagógica dos cursos!) raros são os alunos do curso de Comunicação Social que já ingressam, ou posteriormente se tornam, orientados para a aquisição de conhecimento. Ao contrário, nossos alunos são um exato reflexo da juventude contemporânea: sua alienação, niilismo, imediatismo e inércia social (basta ouvir o que os estudantes portugueses pensam a respeito de nossos alunos e da dinâmica da sala de aula). A ponta visível do iceberg: retrucar à perda de quinze pontos com uma intimidação à professora para enfiá-los na BBBBB; a dolosa criação de um blog na Orkut ridicularizando no título – a BBBBB é louca; ameaças de encontrar o professor na rua ...; a infame questão do “pau Brasil”; matéria de jornal local roubada e usada na jornal laboratório; alunas que plagiaram o trabalho de final de curso ... Nosso quadro docente reflete também demasiados lados perversos da pós-modernidade: um individualismo exacerbado, um temente silêncio, atitude cool desprovida de mercê e solidariedade, a cidadania do consumo (sem preconceitos, a maioria dos docentes foi formada no ensino privado. Daí nossa realidade “acadêmica” não gerar estranhamento; ao contrário, lhes é familiar, “normal”). Sem horizontes claros de pesquisa, ou de crescimento acadêmico, atemos-nos aos nossos postos como a uma tábua de salvação – outras, que não o desempenho acadêmico, são as garantias do salário (gerando pactos corruptos com a coordenação e com os estudantes, facilitando o estado das coisas para uma definitiva instauração de uma inegável fábrica de diplomas, de fordismo acadêmico). Entretanto, sabemos haver entre os alunos uns poucos estudantes que demonstram compromisso com sua educação. Estes têm sido acadêmica e amigavelmente acolhidos em minhas atividades bem como em saraus em meu lar, dos quais minhas filhas participam (que sem a devida apuração foi encampado pelo último coordenador de curso e assim expresso: “e convites insultuosos para freqüentar a casa do professor com a condição de que vás desacompanhada do marido.” – em carta de 05/05/2006 pedindo à diretoria o afastamento do professor). Ao longo de sete anos e meio essa prática amorosa formou um grupo de convivência em torno da fotografia. Além disso, alguns destes estudantes se tornaram professores, fotógrafos profissionais (atuando, inclusive, fora do país), técnicos em fotografia, etc.
Não é por falta de amor, portanto, a motivação da dispensa. Também não foi, estou certo, a questão do conhecimento, da prática científica e acadêmica. Tenho sido reputado como um dos mais sérios e exigentes dos professores da casa (muito embora as exigências sejam hoje, no ensino particular, apenas uma fração do que prescrevia aos estudantes da UFMG, onde construí carreira e aposentei-me). Tenho dois mestrados obtidos em instituições estrangeiras; um deles, na área fotográfica, com louvor. Adquiri ampla experiência profissional com trabalhos ilustrando o barroco mineiro (exposto em Nova Iorque, Paris, Chicago e diversas cidades brasileiras), a cultura mineira, porta-fólios de arquitetos e artistas plásticos. Atendi as melhores agências da cidade, fiz trabalhos para órgãos municipais, estaduais e nacionais, e para a Unesco, bem como para várias empresas privadas de projeção reconhecida, e, finalmente, para pessoas ilustres e notoriamente comprometidas com o melhor de nossa cultura, tal como o Sr. José Mindlin, conhecido bibliófilo e patrono. A TV Minas tem programa gravado coletando meu endereçamento da história da fotografia e a TV-PUC tem aula formal gravada sobre Fotojornalismo. No plano pessoal, sou até o momento o único fotógrafo mineiro a ter seu trabalho exibido na forma de exposição individual na Grande Galeria do Palácio das Artes e no Museu da Imagem e do Som (São Paulo). Tive mostra individual em Nova Iorque, participei de mostras coletivas aqui e no exterior. Fui também curador de mostra itinerante sobre o garimpo de sobrevivência em Itabira, selecionada pela Funarte para percorrer o país e orientador de trabalhos fotográficos de muitos alunos e colegas estabelecidos. Minha reputação é bem conhecida e reconhecida na cidade.
No plano acadêmico, fui assessor do reitor da UFMG (professor Eduardo Cisalpino) e um dos elaboradores do projeto que criou o Ciclo Básico das Ciências Sociais, considerado um exemplo de excelência. Fui também membro da Pró-Reitoria de Extensão e do Conselho de Ensino e Pesquisa da UFMG e representante dos professores adjuntos na Congregação da Escola de Belas Artes da UFMG. Foram meus assistentes, ou estudantes próximos, vários professores de fotografia que lecionam hoje na UFMG, na PUC, na Universidade Fumec e Escola Guignard. Apresentei aluna de nossa lavra para cursar doutoramento na Espanha, mestrado na Inglaterra e, em particular, um de meus estudantes e assistente leciona hoje no mestrado em arte oferecido pelo Goldsmiths College, em Londres, um dos melhores da Europa.
Traduzi, como é do conhecimento de muitos, livros e textos para uso didático e sou mesmo reconhecido como autoridade fotográfica local e, em alguns círculos, nacional.
Modesto, não obstante significativo, meu desempenho profissional e acadêmico não é suficientemente pobre para motivar a demissão. Ao contrário, ela parece-nos o fruto da lamentável omissão estrutural dos administradores da faculdade à perseguição sem quartel exercida pelo senhor Leovegildo Pereira Leal, e seus fiéis pitbulls, e, nos últimos anos pelo senhor Carlos Alexandre G. Freire, por razões que vão desde minha postura e prática pós-moderna, independente, e muitas vezes abertamente dissonante da vontade destes todo-poderosos, até suposto e alegado comportamento inapropriado (que, diga-se de passagem, é pouco, muito pouco quando comparado à postura e prática womanizer de alguns de nossos nobres colegas - mas isso talvez seja muita sutileza para nosso provincianismo e, ainda (!), tradição e prática machista). Foram cerca de quatro anos sob a peixeira do caudilho (ah, que saudades da espada de Dâmocles) e dois anos debaixo da cólera do déspota, e com a rara solidariedade pública dos pares. Mas esta é outra longa história (e eu seu arquivo vivo, que a alguns interessa fazer desaparecer) e é necessário brevidade. Comento abaixo apenas os acontecimentos do último semestre que “motivaram”, no meu entender, minha exclusão bem como tento um diagnóstico das práticas que pariram a crise generalizada que vem se agravando no curso de Comunicação Social.


Empregando a milenar frase dos advogados, “a quem interessa tudo isso”?


A omissão da casa face às acusações dolosas de estuprador, tarado, assédio sexual - a “interpretação” dolosa de minhas intervenções conscientes na forma de brincadeiras em constrangimento, perpetrada pela boca de alguns e que gerou, após inquérito, uma injusta suspensão de vinte dias sem remuneração, e o desfecho final daquele maio da estupidez e falta de escrúpulos dos pitbulls, induzindo-me a “solicitar” uma licença de seis meses - pois a casa não demonstrou propósito de conter a sanha dos sectários, nem de aplicar penalidades cabíveis pelas acusações pérfidas publicamente bradadas – atirou-me em uma depressão profunda e ao urgente acompanhamento médico e farmacêutico.
Uma nota mais do que curiosa. Por que a antipatia estudantil à minha postura e práxis acadêmica (exigências, defesa da sacralidade do espaço de ensino, freqüência e disciplina, aprofundamento de questões, interdisciplinaridade, contemporaneidade, ...), que é também em parte uma reação absurda ao absurdo que se apossou de nossas salas de aula, se resume aos estudantes de jornalismo? Onde o nosso curso vem falhando ao permitir grassar e continuar a ignorante bravata estudantil, qual das nossas práticas acadêmicas e cidadãs tem sido conivente, cega ou ativamente responsável por tal obscurantismo, este moralismo rasteiro do esquerdismo, a doença infantil do comunismo:
“ ... Diretório Acadêmico, composto, como sabemos, por pessoas de quem todos teríamos muito orgulho de sermos pais. ... O prof. Carlos Alexandre acusa estes de um ataque “vil”, sem direito a defesa, ao Rui César. Ataque vil? Teria sido Mussolini vítima de ataque vil quando foi fuzilado pelo guerrilheiro Comandante Walter, SEM JULGAMENTO FORMAL, sem direito a defesa, sem ser ouvido, ao final da guerra?” (trechos da Carta aberta aos alunos e professores da Comunicação, da lavra do senhor Leovegildo Pereira Leal, de 12/05/2006).
Voltei às minhas funções no semestre passado apesar da oposição declarada do senhor coordenador Carlos Alexandre G. Freire. Consideravelmente refeito e com vigor, experimentei coisas novas: introduzi o regime de ateliê com a turma de Fotografia Aplicada à Publicidade e Propaganda, experiência rica e inédita na FCH, da qual vários estudantes recordarão positivamente. Tentei criar a prática do diário de processo que não se implementou devido à indiferença do senhor coordenador, ou às minhas propostas, ou ao aprimoramento e melhoramento do curso. Entretanto, ao final de março o senhor coordenador procurou-me para pessoalmente entregar uma acusação dos alunos, assinada pela presidente do Conselho Deliberaivo dos Estudantes de Comunicação Social (Luiza de Sá Porfírio (?), onde se aquartelou com outros pitbulls que haviam perdido, em 2006, a eleição para o D.A.), acusando-me de “criar entraves burocráticos”, “mudar as regras de uso do laboratório” (quando na verdade queriam reclamar do empréstimo de equipamento), e imputando-me de intimidar os alunos, acusação reforçada com referência ao “histórico” do professor (difamação).
Na presença do coordenador li as acusações e declarei que não responderia a um texto com erros de gramática e ambigüidade no conteúdo das acusações, portanto inaceitável em um contexto universitário e, em especial, em um curso de comunicação. Ao que o senhor Carlos Alexandre G. Freire (que o aceitou e, portanto, legitimou na academia) respondeu solicitando que respondesse então ao seu ofício que encaminhava as mal traçadas linhas de mentiras, confusão, dolo e difamação.
Acidentalmente percebi, no verso do documento, seu trânsito interno entre a coordenação e a gestão de ensino. O coordenador tentou, por duas semanas, a demissão do professor sem ouvi-lo nem apurar as alegações dos alunos. Finalmente a gestão de ensino recomendou que o documento me fosse enviado para esclarecimentos sobre os alegados “entraves burocráticos” e o modo de removê-los.
Respondi pacientemente às injúrias (uma longa prática essa de responder acusações apócrifas) e solicitei formalmente ao coordenador que esclarecesse junto ao Conselho Deliberativo dos Estudantes de Comunicação Social como a reclamação (infantilmente fundada como pode ser visto em minha resposta anexada a esta) de uma aluna se transformou em reclamação de muitos. Ao ler os documentos meu advogado entendeu ser necessário solicitar também, ao coordenador, que se esclarecesse, junto ao Conselho Deliberativo, a imputação de intimidar os alunos e a alegação maldosa ao “histórico” do professor. Decorrido tempo suficiente para se responder a estas interpelações, e sem resposta, reiteramos nossas solicitações. Em vão. Como um coronel dos grotões o senhor coordenador contrariou, pela segunda vez, normas regimentais. Primeiro; ao invés de tentar mediar o conflito alunos x professor, tentou sua demissão. Em segundo lugar, arrogou-se o direito de responder quando, como e a quem bem entendesse. Embora um funcionário da instituição, como todos nós, recusou-se a cumprir com seus deveres quando julgou conveniente à sua vontade, fazendo justiça com suas próprias mãos.
A partir daí apenas o advogado deu seqüência à ação visando esclarecer as imputações e alegações dolosas dos pitbulls aquartelados no Conselho Deliberatibvo. Protocolizou pedido de esclarecimento à gestão de ensino, ao colegiado de curso e finalmente à gestão geral da FCH. Não obteve resposta de nenhuma destas instâncias (a omissão estrutural e o descumprimento das obrigações remuneradas por salário). As interpelações provocaram, entretanto, uma convocação da gestão de ensino para uma conversa. No encontro o senhor gestor elogiou-me, elogiou as traduções (algumas que lhe havia, há tempos, cedido para fundamentar diálogos durante encontros na sala de professores), elogiou meu currículo e perfil acadêmico. E indagou-me a esquecer os acontecimentos, propondo-me, em troca, a concessão de uma licença remunerada por seis meses. Atônito, evadi-me momentaneamente solicitando tempo para reflexão e aconselhamento com meu advogado. Preferi, por razões claras e por decência, não responder à proposta. Estávamos no princípio de maio, ou final de abril, e, sob agravamento da depressão e profissionalmente orientado, fui, pela segunda vez no semestre, licenciado. É que percebera a continuidade do ataque dos pitbulls e a conivência, omissão e a colaboração simpática do coordenador de curso e a apatia do gestor de ensino.
As duas licenças, de quinze dias cada uma, a que me vi aconselhado foram assim tratadas pela casa: três turmas (Fotojornalismo I, Fotografia e Fotografia Aplicada à Publicidade e Propaganda) que se encontravam no curso de atividades práticas foram avisadas e os trabalhos conduzidos pelo técnico do laboratório de fotografia. A turma de Fotojornalismo II, envolvida em seminários teóricos e na elaboração de um fotoensaio (que apenas dois grupos produziam regularmente) não foi, segundo os alunos, informada pela coordenação da minha ausência, nem se providenciou qualquer outro procedimento para evitar problemas de continuidade e prejuízo dos alunos. O professor, por seu turno, não foi consultado sobre, digamos, ser substituído, ou sobre qualquer arranjo alternativo para conduzir adequadamente as atividades da disciplina (para não mencionar a gentileza civilizada de ser procurado para ter ciência de como estava de saúde, que um líder de equipe deveria dispensar a um membro). No dia em que finalmente retornei às atividades os alunos colocaram acessórios que os transformaram em palhaços e foram até a diretoria manifestar (um detalhe produtivo é que o presidente do D.A. que conduzira as acusações dolosas no ano anterior é aluno desta turma, em busca de segundo título...).
Voltando atrás no tempo, pouco antes de receber a solicitação da coordenação para responder às acusações do Conselho Deliberativo, solicitei reuniões dos núcleos de disciplinas específicas em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda, para discutir problemas de indisciplina, posturas inadequadas, falta de motivação, baixo rendimento (em provas realizadas em duas turmas apenas um aluno obteve cerca de setenta por cento dos pontos, todos os demais fracassando em obter o mínimo de sessenta por cento, e alguns zeros), situação recorrente já por alguns anos. Oralmente comuniquei a ambos os coordenadores de núcleo que não aceitaria a realização da reunião sem a convocação de representante do corpo discente, presença prevista no regimento e nunca permitida (o último coordenador alegou, em uma destas reuniões, ser problemática a convocação, semelhantemente a um aluno evasivo que alegaria ser problemático estudar nos finais de semana... Mas o tão apregoado projeto “político” pedagógico não optou pela formação de agentes críticos? Esta presença consolidaria a participação crítica e efetiva dos estudantes na construção do curso, mas nenhum dos coordenadores anteriores a permitiu, preferindo diálogos reservados com os “líderes estudantis” entre quatro paredes, na anacrônica tradição tancredista. Em outras palavras, ensinamos a crítica mas com data de início: após a formatura e longe de nossos muros!).
A reunião do núcleo de específicas em Publicidade e Propaganda não foi realizada por falta de quorum (mas os estudantes não foram convocados); quanto à do núcleo de específicas em Jornalismo, foi realizada sem a convocação do representante discente (coloquei então em votação o adiamento da reunião devido à não convocação da representação estudantil: minha proposta obteve apenas o meu voto; todos os demais, incluindo o coordenador, que chegou atrasado para os trabalhos, alegaram, inspirados no bom senso - uma forma de razão não científica - ser muito problemático encontrar uma outra ocasião para reunir novamente a todos, e que a proximidade da semana da comunicação aconselhava o não adiamento. Tudo isso perigosamente semelhante a uma recorrente desculpa dos alunos: a de argumentar que é problemático reunir todo o grupo para realizar os trabalhos de fotografia!). Reiterando que não mais participaria de reuniões sem a representação estudantil, observando assim as disposições regimentais e, ao mesmo tempo, sendo coerente com minha práxis e pensamentos, pedi licença aos colegas e deixei o recinto, mas com a promessa de que as pendências pedagógicas, disciplinares e outras que apresentei para discussão seriam tratadas em uma futura reunião do núcleo, num prazo aproximado de uma semana. A reunião não foi convocada (repetindo o ocorrido no ano anterior quando solicitação semelhante, um pouco antes de meu afastamento, foi também respondida com surdez e silêncio). Penso que tal descaso contou, em ambas as ocasiões, com, pelo menos, a aprovação da coordenação de curso. Na verdade, várias luas gravitam, em uma órbita previsível, à sua volta.
A lógica deste silêncio parece simples: sem a realização das reuniões os problemas com as turmas ficariam sob a única e exclusiva responsabilidade do professor, gerando, certamente, (devido à vigilância constante dos pitbulls e à perversa postura dos alunos/clientes), possibilidades de conflito e “motivação” para reiterar a demissão do professor; mesmo que tais problemas sejam comuns e desafiem a todos. É produtivo lembrar que o próprio coordenador convocou e realizou uma reunião, ainda em fevereiro, em caráter de urgência, para discutir problemas de comportamento inadequado dos alunos do mesmo período (mas de outra disciplina, de outro professor).
Voltando ao princípio de junho, à extemporânea temporada de circo e palhaços, os alunos encaminharam suas reclamações para o gestor de ensino, a mim repassada para esclarecimentos. Foram devidamente respondidas e, penso, deixei bem clara a omissão, inação e o desconhecimento, pela coordenação, das licenças do professor, uma surpreendente incompetência administrativa. Não me foi dada uma resposta formal a esta defesa devidamente protocolizada, nem fui convocado para nenhuma reunião esclarecedora. Soube, por intermédio do novo coordenador de curso, que a direção havia proposto o ultimato: ou me licenciava, agora sem remuneração, por seis meses, ou seria sumariamente demitido (o coordenador reuniu-se por longas horas com os gestores tentando manter-me na casa de algum modo, o que caracteriza que a demissão havia sido gerada no seio da administração maior da casa. Esta é uma inovação: diretorias eleitas da casa nunca interferiram diretamente nos assuntos internos do curso de Comunicação Social!). Ao que parece, os gestores não se dispuseram a, nem mesmo, apurar os fatos – novamente, desconhecendo que são funcionários da casa e que recebem para produzir, conduzir, liderar, pacificar, ... - assim condenando a priori, sem julgamento e sem direito de defesa um colega, muito embora dois dos gestores sejam profissionais e acadêmicos da área do direito, o que implica desrespeito a juramento profissional e a procedimentos rotineiros ao estado de direito. E mais, um dos gestores, devido a laços de sangue, deveria ter, de modo ético, observado na prática do judiciário, se declarado impedido de decidir sobre a demissão, publicamente exigida pelo senhor Leovegildo Pereira Leal, seu irmão (“Ora, o prof. Carlos Alexandre ouviu de minha parte VÁRIOS pedidos de encaminhamento da demissão do senhor Rui César, a quem igualmente não considero apto para ‘estar entre nós’” – carta aberta, 12/05/2006).
Uma semana antes de meu retorno de uma terceira licença médica, esta concedida através de perícia do INSS, enviei carta com toda a documentação dos acontecimentos do último semestre, lembrando aos gestores e ao coordenador que até aquele momento, às vésperas de meu retorno, não havia recebido nenhuma resposta formal às considerações feitas e que estava re-enviando a documentação, já que o senhor gestor administrativo havia alegado desconhecimento dos eventos e seus detalhes (mas mostrou-se imediatamente favorável à minha demissão!). Novamente o silêncio! E, no meu retorno, a visita à seção de pessoal para tratar da demissão.


Nota-se, aqui, uma outra inovação: a diretoria anterior reunia-se, costumeiramente, com o professor em processo de demissão para formalmente anunciar o ato. A civilização é o simbólico. É um ato simbólico comunicar pessoalmente tais decisões. Mesmo em uma ocupação de menor status social como, por exemplo, o trabalho doméstico, o trabalhador recebe tal consideração do empregador. Somos levados à leitura desconfortável de que não recebi a deferência reservada aos semelhantes sendo, enfim, expulso da casa como um cão.
Apressadamente? Ou anunciada na conversa na qual me foi proposto o esquecimento das minhas querelas em troca de licença remunerada? Os gestores não tinham magros três meses de experiência (um deles nem mesmo um mês!). É lamentável que a prudência não seja, entre nós, uma prática, sendo como é, uma virtude de poucos. E sendo o professor que notam e elogiam, como dispensar-me sem nenhuma tentativa de aproximar dos fatos, aliás já apontados em minha correspondência com o gestor de ensino? E ... pelo menos um deles já externou desejo de continuar na administração da casa! Como universidade, a FUMEC já deveria ter maturidade para conduzir processos de modo legítimo e justo e, de todas as unidades, a Faculdade de Ciências Humanas deveria ser o espelho, o norte destas práticas. Ao que tudo indica, a democracia entre nós é uma mercê que nos é concedida por um ou outro dirigente esclarecido, ou humanitário. E esta confusão entre líder e cabeça é, em parte, uma das causas de como se conduziu a implementação e o funcionamento bárbaro do curso de Comunicação Social sob a batuta férrea da “Leal, Freire e Associados”.


Sem eleições gerais, sem liberdade irrestrita da imprensa e da assembléia, sem um livre debate de opinião, a vida se esvai em toda instituição pública, se torna uma mera semelhança de vida, na qual apenas permanece como elemento ativo a burocracia. A vida pública gradualmente adormece, umas poucas dúzias de líderes partidários de energia inesgotável e experiência ilimitada dirigem e governam ... Tal condição deve inevitavelmente causar um embrutecimento da vida pública: tentativas de assassinato, matanças de prisioneiros, etc.
Rosa Luxemburgo, Notas da Prisão



O curso de Comunicação Social carece urgentemente de um exercício de recuperação moral e de autocrítica. Os anos da administração controlada pela “Leal, Freire e Associados”, gestões de puro mandonismo, autoritarismo, centralização de poder, prática de terror e intimidação pela ameaça de demissão de professores “temporários”, eleição de coordenadora de núcleo de disciplinas por ameaças – ação que disciplinou a muitos e a outros foi solução confortável por eliminar a necessidade de exercer reflexão própria - e, em pelo menos duas situações de meu conhecimento, infração às leis vigentes no país, acobertando crime de falsificação de assinaturas (em abaixo-assinado da turma do notório aluno Felipe Castanheira, demandando minha demissão há cerca de quatro anos atrás) descoberta em reunião conduzida pelo professor Carlos Alexandre G. Freire, e, recentemente como comentado, de calúnia, deixaram heranças e feridas abertas que precisam ser tratadas. O corpo docente, que deveria estar preparando jovens para uma vida crítica, foi forçosamente moldado em um amontoado de instrutores atemorizados, acostumados a ferro e a fogo às descortesias, bradados descorteses (notadamente dirigidos contra as mulheres, até mesmo em assembléia geral dos professores em reunião inaugural de ano), falta de educação, de decoro, desmoralização pública de colegas e diretores, e mais. Perdeu, assim, essa maioria dos docentes, como o disse certa vez o senhor Carlos Alexandre G. Freire, a condição de pertencer aos quadros docentes de uma universidade, por não “perseguirmos no limite de nossas possibilidades, a lisura moral que é fundamental para coroar o projeto de êxito” (em carta à diretoria pedindo o afastamento do professor Rui Cezar dos Santos, datada de 05/05/2006). Evaporou-se nossa diferença com a da sociedade. Iguais a ela, o corpo docente ficou ... acostumado a acostumar. ...
“ ... Os inocentes do Leblon ... definitivamente inocentes, tudo ignoram., mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam nas costas, e esquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)
É urgente anotar que a gestão do senhor Leovegildo Pereira Leal precipitou a crise já demorando em ser tão preocupante. Em primeiro lugar, o dito comunista-marxista tem aversão à tecnologia e sua prática, simpática às táticas do braço militar dos movimentos de esquerda dos anos 1960 que o levou a uma centralização sem limites na coordenação, um modelo de organização militar. A aversão à tecnologia, postura estranha para um marxista, pois Marx dedicou especial atenção à mecanização dos meios de produção, levou-o a lutar contra o ingresso da FCH no pool das TVs Universitárias, possibilidade que se iniciou antes da criação da universidade e acatada e estimulada pelo presidente da Fundação, professor Antonio Pereira, contando, nesta etapa, com a colaboração do senhor Carlos Alexandre G. Freire e associados para impedir o alcance do objetivo, essencial ao curso de Comunicação Social. Não apenas por ver a TV como vê a Nietzsche e Foucault, o capeta encarnado nestes, mas também como forma de solapar o desempenho acadêmico da professora Ana Paula (Nikita) que havia sido encarregada, pela direção da FCH, de levar a cabo a associação ao pool. Estes senhores traíram o curso, os colegas e os estudantes, colocando interesses individuais e mesquinhamente políticos acima das necessidades do curso, e não foi apenas nesta ocasião.
Na verdade, o senhor Leovegildo Pereira Leal proibiu a todos os laboratórios, à exceção do jornal laboratório e da agência modelo, de ter produtos. Assim, acabou com as mostras de vídeos realizadas pela professora Nikita, que orientou vários trabalhos dos estudantes, premiados local, nacional e internacionalmente, e esvaziou outros esforços. Por quê? Ora, os diferentes - o autoritarismo não tolera diferenças - não deveriam, a qualquer custo, crescer em prestígio junto ao corpo discente. Ao invés do ingresso no pool o professor chegou a sugerir “alugar” um horário junto a uma tv comercial aberta. Finalmente, não conseguindo destituir a professora Nikita da coordenação do núcleo de laboratórios, que funcionava como o centro pensante do curso, eliminou esta coordenação de núcleo, concentrando ainda mais o poder na coordenação do curso.
Pode-se especular, mas apenas especular, pois os detalhes não foram repassados ao corpo docente, que a perda da concessão da rádio para a Câmara dos Dirigentes Lojistas se deveu às notórias “habilidades” diplomáticas e negociadoras do senhor Pereira Leal. Alguém mais afeito ao decoro e ao convívio social talvez levasse o pleito a bom termo.
Já fora da coordenação, mas agindo como o vice-rei da Índia, o senhor Pereira Leal resistiu com todas as forças à chamada “convergência digital” proposta pelo coordenador. Ficou particularmente preocupado, ou ficaram ambos os parceiros, quando em uma reunião levantei a questão de que a convergência digital implicava alargar o “paradigma frankfurtiano”, de modo a incluir debates sobre tecnologia (Arlindo Machado), linguagem digital, hipermídia e outras questões correlatas (salvo engano, só em 2002 o senhor Pereira Leal aprendeu a empregar o computador e o editor de texto da Microsoft!).
Outra idéia que lhe causava pavor como o demo causa lá no interior do nordeste é a idéia do contemporâneo. Em reunião de professores, quando propus que o curso deveria ter um outro objetivo além do clichê “formar comunicadores sociais críticos” (defendido e sugerido até mesmo pelo Ministério da Educação em modelo que orienta a elaboração de projetos pedagógicos para cursos de comunicação), incorporando também a urgência do contemporâneo (um curso de comunicação social fora do contemporâneo é um cadáver putrefato), admoestou que se o curso “embarcasse” no contemporâneo ele estaria “fora”. E isto me leva a uma lembrança que propicia fruição: em reunião com o coordenador do laboratório (?) de rádio, e com estudantes da primeira turma do curso que colocavam no ar um programa intitulado Fumaça do reggae, disse categoricamente para os jovens que a rádio Fumec só deveria tocar música clássica, jazz e mpb de qualidade! Quanta sabedoria para tratar a juventude, quanta contemporaneidade (há relatos de que quis brigar fisicamente com aluno que escreveu em prova final que todo marxista é recalcado; convencido por outros estudantes, é dito, passou a comentar que um aluno fizera prova final sob efeitos de drogas pesadas). Quis impor algo semelhante ao professor Guaracy, lutando para que ele não introduzisse Michel Foucault (a quem chama de Michel Fulô em sua obra O Seqüestro da Amazônia – Sexo, drogas e ecologia, ou o casamento de Nietzsche com Foucault no Inferno Verde, de leitura obrigatória para ver o tratamento reservado ali a pessoas como Fernando Gabeira, François Lyotard, mulheres e freiras, gays, universidades como Columbia e Harvard, Universidade Federal do Rio de Janeiro ... etc ...) aos estudantes, açodamento que levou o professor a se demitir. Falando de Foucault, é oportuno relembrar algumas de suas palavras:
“O adversário estratégico é o fascismo ... o fascismo em todos nós, em nossas cabeças e em nosso comportamento diário, o fascismo que nos leva a amar o poder, a desejar a própria coisa que nos domina e explora.”
Barrou ainda furtivamente junto à direção a primeira tentativa de pesquisa envolvendo três professores e um grupo de cerca de dez estudantes interessados na imagem em movimento e no cinema. Em uma projeção do documentário Nós que aqui estamos por vós esperamos afirmou, ao final, ter sido uma perda de tempo. Mas seis meses depois soubemos que exercera uma tremenda pressão para obter para si próprio uma “dotação” de pesquisa, às escuras. Quando essa informação vazou, gerou-se uma acirrada (e compreensível) discussão entre o professor Pereira Leal e o professor José Antonio Orlando, que havia sido enganado e prejudicado e era, então, considerado pelos estudantes como o melhor professor do curso. Ao final deste ano o professor foi demitido juntamente com o professor João Henrique, elaborador do projeto do curso e seu implementador.
Empregou o projeto pedagógico para expurgar os diferentes e para desenvolver campanha ininterrupta para demitir a professora Nikita (e mais, humilhou a profissional, da UFMG, contratada para assessorar o processo e reagiu, de modo intimidador, às sugestões propostas pela professora de Antropologia). Sem sucesso, pois a professora Nikita gozava de prestígio, merecido, com a direção da casa. Encontrou a solução excluindo do currículo a disciplina que lecionava, substituindo-a por uma segunda disciplina de conteúdo filosófico (onde tal marxista se encontrava em maio de 1968, quando Althusser e outros não foram mais ouvidos pela juventude). Impôs então autoritariamente sua vontade em vários núcleos de disciplina que nada tinham a ver com aquela lecionada pela professora Nikita, criando assim uma situação de fato. Por fim, quando a discussão foi levada ao núcleo competente, o resultado já estava assegurado (mas outros professores deste núcleo têm mais detalhes para revelar a respeito dessa artimanha). Outro exemplo de como tem sido sacrificado o curso, o contemporâneo, as tecnologias indispensáveis aos processos comunicativos, e o corpo discente no altar da vingança contra os diferentes.
Tinha prazer em afirmar que o corte metodológico que eu emprego nas disciplinas fotográficas é puramente estético. É que talvez a postura dos teóricos ingleses que nutriam a revista Screen, combinando Lacan e Althusser e, outras vezes, Roland Barthes e Michel Foucault, fosse muito contemporânea, muito estranha e esdrúxula, para que pudesse identificar nos textos que traduzi e empreguei. “Porque o senhor Rui César não é professor, é um analfabeto pós-modernoso, reacionário, direitista, desprovido de noções elementares de respeito, desconhecedor do outro e, por tudo isso, contrário ao projeto pedagógico e sabotador do mesmo” (outros de seus profundos e complexos comentários na citada carta de 12/05/2006). Eram tempos realmente de muita peixeira e pouco raciocínio. Durante minha ausência do laboratório, afirmou para a técnica e os monitores que indeferira uma solicitação de compra de livros fotográficos, cerca de quarenta, para a formação de uma biblioteca básica para o curso, alegando que todos eram para o nível de mestrado (talvez a censura deva instituir novos critérios para o público cinematográfico: ensino médio, bacharelado, mestrado, doutorado e pós-doutorado!), e que eram em inglês. No entanto todos nós somos capazes de ler fotografias até em livros chineses! (Na verdade, o que estava em questão nada mais era que criar obstáculos ao meu desempenho docente, e assim prejudicar o coletivo, palavra que sempre trazia adrede).
Foi em sua gestão que teve início o estratagema de abrir concursos apenas para proveito próprio, para promover os áulicos e reforçar sua corte. A gestão do senhor Carlos Alexandre G. Freire deu continuidade ao casuísmo. Como entender nunca cogitarem de abrir concurso para as disciplinas fotográficas? Para evitar que uma voz independente pudesse vir a ser coordenador de núcleo ou participar de órgãos colegiados da faculdade? Professores recém-incorporados foram “privilegiados” em detrimento de outros que já estavam na casa há mais de cinco anos. Assim, novos satélites ganharam órbita em torno do rei-sol. Relembrando outras frases do último coordenador, “Há momentos em que não temos o direito de hesitar porque o que está em jogo é um princípio ordenador. Não tenho dúvida de que ajo no melhor do meu discernimento e a bem da comunidade acadêmica” (carta de 05/05/2006 empregando nobres e honestas palavras, e sábia liderança).
Foi breve o tempo em que a última coordenação ouviu minhas ponderações. Logo restabeleceu-se uma antiga prática: de permitir longos períodos de fala obscurantista, autoritária, atemorizante, gutural-tronejante e chata do senhor Pereira Leal, e dos associados; a mim esmolava-se trinta segundos (e os pares presentes nunca “entraram nessa briga”, nunca pronunciaram um palavra contra a discriminação e a prepotência). Censurou-me por ter tido uma contribuição negativa à tentativa de seu parceiro de demitir o professor Rogério Bastos. Ao menos fiquei livre de ouvir comentários indignos como chamar o professor Admir Borges de mandarim, apontar a incompetência de outros e, acima de tudo, dos momentos de simpatia co-optante.
Fomos “ensinados” a esquecer de regras, preceitos, idéias e regulamentos e a ouvir ordens, acatar imposturas; ambos os coordenadores sempre se acharam dotados de clarividência e de infalibilidade papal. Como acreditar que, ao final da primeira reunião que o senhor Pereira Leal, com o assentimento do coordenador Carlos Alexandre G. Freire, realizou para “expurgar” os diferentes Rogério Bastos e Rui Cezar dos Santos, propôs que o núcleo de disciplinas específicas em Jornalismo - que coordenava sem no entanto lecionar nenhuma das disciplinas que compõem o núcleo (e o coordenador já havia sido, por mim, questionado a respeito) - aprovasse uma pesquisa que estava a ponderar e que iria revolucionar o jornalismo brasileiro, com a assistência e participação de alunos e ex-alunos (os pitbulls) sem apresentar nada por escrito, apenas tal breve comunicação oral. E, pasmem, todos os colegas aprovaram, “esquecidos” de que um projeto deve ter uma apresentação obedecendo às normas correntemente estabelecidas, deve ser por escrito, deve discorrer sobre a metodologia, datas, hipóteses... E somos uma universidade de idéias! O porquê desta imposição é simples: havia manifestado, semanas antes, meu desagrado e desaprovação ao ver um notório ex-presidente do DA, já formado, freqüentar quase que diariamente a escola, utilizar os computadores, transitar por onde bem entendesse e quando lhe fosse conveniente. O senhor Pereira Leal afirmou que oficializaria a presença dos ex-alunos participantes de seu arremedo de pesquisa, até mesmo fora do horário de funcionamento regular da casa(!); legitimando assim a presença diária de estranhos, criando, fisicamente, um quartel-general.
Como aturar tudo isto? No que me toca, tornei-me ácido e satírico e, ao final, cansado, negativo (recordava com freqüência um ativista italiano que estabeleceu residência e atividade política em Uberlândia, onde cresci. Fora obrigado a fugir do país com sua esposa, professora do colégio estadual, onde estudei, deixando para trás filho recém-nascido. Décadas depois, penetrando na velhice, colocou sua cabeça sobre os trilhos do trem), deprimido e obrigado a buscar socorro médico imediato. Mas outros colegas sofreram com problemas de saúde mais graves e urgentes. Parece claro tratar-se de uma não-vida, um estado de alienação que as premissas supostamente marxistas e frankfurtianas do curso eliminariam, por definição. Uma tremenda distância entre teoria e práxis dos chefões. Contraste-se meus relatos com as outras palavras do último coordenador:
“Quando recebemos estes jovens, recebemos ao mesmo tempo um mandato, de suas famílias e da sociedade, para lhes aperfeiçoar a educação. Isto significa mais do que lhes dar conhecimentos críticos na área das humanidades, das ciências sociais aplicadas e da ética. Significa perseguirmos, no limite das nossas possibilidades, a lisura moral que é fundamental para coroar o projeto de êxito. O professor Rui Cezar dos Santos, ao perder isto de vista, perdeu a condição de estar entre nós.” (trecho da carta de 05/05/2006).

A recorrência destas práticas autoritárias, torpes, aviltantes se deve, em parte, ao fato de que vicejam às escuras da maioria dos docentes e, também, ao assentimento de outros poucos que as desejam e apóiam. Na verdade, todos os professores da faculdade, ou da universidade, vivem sob esta ameaça permanente, a perda de seus postos. Daí não participarmos voluntária e integralmente da vida acadêmica, resignar ao exercício da cidadania, e virarmos as costas para acontecimentos como os que relato. Estamos vivendo sob uma administração que, parece, é inusitada aos estatutos e regimentos da instituição: não existe nenhuma menção à função ou posto de gestor. A melhoria da qualidade do curso, administração adequada, planejamento a médio e longo prazo, abertura de linhas de pesquisa e outras necessidades urgentes beneficiando os estudantes, e melhorando nossas chances de recrutar melhores alunos são relegadas ao segundo plano: em primeiro lugar são considerados os interesses pessoais dos dirigentes que, picados pelo desejo de poder, de melhores remunerações, e de fringe benefits, sem falar do “gratificante” poder de infernizar a vida de outros de modo pessoal e direto (como o disse o presidente Antonio Carlos, é melhor ser presidente de Minas do que do Brasil: sabe-se quem estamos contrariando!). E na sala dos professores todos apedrejam este traço estrutural de nossa política.
“Quem me fez assim foi minha gente e minha terra ... Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só, lê o jornal, mete a língua no governo, queixa-se da vida – a vida está tão cara – e no fim tudo dá certo”. (Carlos Drummond de Andrade). Nossa “academia” parece, como o afirmei, muito semelhante ao contexto do país e, assim, o curso de Comunicação Social não tem convicção nem práxis para tornar críticos seus alunos:
E portanto, a visão de Matthew Arnold, de que a universidade é o “Lar das causas perdidas, e de crenças esquecidas, e de nomes impopulares e lealdades impossíveis”, pronunciada há mais de um século, parece ainda incisiva e útil no nosso contexto.


Em tempo: esta declaração é unicamente motivada pela práxis esclarecedora, crítica e, também, um exercício da defesa de minha reputação profissional e moral. Espero que traga alguma contribuição para evitar a debacle ou a continuidade do declínio de um curso que nasceu esperançoso, jovial, compartilhado, democrático e à frente de concorrentes. Meu último gesto de lealdade e compromisso com os ideais que me foram informados quando aqui ingressei.


Belo Horizonte, 10 de setembro de 2007

RUI CEZAR

João Renato Diniz Pinto disse...
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